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novembro

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Salve o meu, e o resto que…

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O Planalto, em Brasília, está novamente às voltas com o orçamento do ano vindouro. Sempre foi assim, e o que se constata é, mais uma vez, a infrutífera tentativa de planejar o “implanejável” — palavra que não existe, mas que bem poderia ser introduzida em nossa língua para explicar (ou ao menos tentar) a incúria da administração federal do país.

»» Leia também: A lapidação do espírito

A técnica já é mais que conhecida: gasta-se além do arrecadado e, depois, a título de “equilibrar” as contas, cortam-se verbas aqui e ali, sempre levando em conta os interesses do governo. Vejam bem, o dinheiro é do povo, mas o interesse é do governo.

Este ano, porém, há uma agravante absurda. Lula insiste na criação de mais um ministério — afinal, há “poucos”, não é? Já são 39 pastas ministeriais, sendo 31 ministérios, quatro secretarias e quatro órgãos equivalentes a ministérios. Duvido que alguém cogite economizar.

E o mais surreal: sua excelência, o presidente, ainda está decidindo qual ministério será criado. Aliás, ninguém sabe. Transcrevo um trecho de matéria da CNN: “O presidente [Lula] pediu para incluir um ministério nesse esforço, e a negociação […]. Não vou adiantar porque não sei se vai haver tempo hábil de incorporar o pedido dele, mas acredito que haverá boa vontade para incorporarmos essa medida a mais”, disse um representante ao deixar o Ministério da Fazenda.

Apesar de não comentar qual ministério seria afetado, o único entre os seis com maior orçamento da Esplanada que não participou das reuniões com Lula foi o Ministério da Defesa.

Haddad afirmou que os atos para o anúncio das medidas já estão sendo preparados e encaminhados para a Casa Civil, e que agora depende dessa pasta conversar com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para a proposta avançar.

Concordemos: um presidente que quer incluir mais um ministério e ainda não sabe qual está fazendo o “implanejável”. Ou estou completamente errado? Além disso, sobra espaço para especulações sobre quem ele ainda vai consultar. Será uma consulta palaciana ou familiar?

Neste imbróglio é que se encaixa o título: “Salvem o meu, e o resto que…”.

A recente correria dos ministros ao Ministério da Fazenda demonstra isso. Para que um ministério tenha poder, precisa de verbas em seu orçamento, pois elas garantem a execução de projetos e, consequentemente, a visibilidade do ministro.

Entrar e sair do governo sem realizar nada além do que já havia é patinar na irrelevância nacional, sem deixar marcas para o futuro. Em outras palavras, é perder força política.

Nesse contexto, o apadrinhamento se torna vital, e as preferências são escandalosas. Indicações do próprio presidente, interesses dos partidos dominantes… Sabe-se lá o que conduz um ministro ao seu posto. E, com isso, a melhor política no “patropi” é “ir tocando, deixar como está pra ver como fica”. E fica como sabemos, desde anos e anos…

Com o tempo, tudo se ajeita, e o esforço de planejamento atual se perde no desrespeito ao orçamento. Então, findo o interesse da imprensa, começam as exceções e a dívida pública aumenta, como será possível ver ao longo de 2025. Afinal, as metas orçamentárias nunca são obedecidas, e a dívida do país cresce astronomicamente.

Só para constar: a dívida pública federal do Brasil, em julho deste ano, era de R$ 7,139 trilhões, segundo o Tesouro Nacional. A projeção é de que continue crescendo e atinja 80% do PIB até o final de 2024, de acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI). Convenhamos, uma dívida impagável.

A cada ano, a população mais pobre do país trabalha arduamente para elevar o PIB nacional, permitindo que o governo federal atenda suas prioridades — que pouco atendem às nossas.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário e palestrante cristão.

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