Ser bem atendido é bom

Trabalhei 25 anos na Unimed. Sete aqui e 18 na Federação de São Paulo. Além de outras atividades na área de marketing, minha função primordial era dar cursos de atendimento para secretárias de consultórios.

Digo isso, porque depois de tanto tempo de trabalho se tornou um hábito no dia a dia observar como as pessoas atendem o público.

Embora muito da personalidade de uma empresa esteja no atendimento ao público, esta não é uma coisa simples. Nem todos respeitam os que trabalham atendendo pessoas e costumeiramente vemos gente gritando com atendentes sobre coisas que elas não podem fazer nada. Afinal, as empresas têm normas e estas não podem ser quebradas.

Atendentes que desrespeitam as regras podem, inclusive, serem despedidas.

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Claro está que existem atendentes que também exacerbam suas funções e deixam de lado a cortesia, e aí, leitor amigo, é, como se diz lá no interior, um furdunço. E muitas vezes o clima se torna insuportável e já presenciei situações em que os actantes chegaram às vias de fato.
Ao longo dos anos, sempre procurei pregar as críticas devem ser feitas particularmente, e os elogios devem ser coletivos. Afinal, mostrar as boas práticas, servem como exemplo, é um caminho mais do que recomendado para criar hábitos saudáveis.

Por isso, quando vejo pessoas que atendem com elegância, respeito, atenção no meu cotidiano, fico feliz e admiro, porque ser assim prestativo e fazendo suas tarefas com prazer é mostrar sua capacidade profissional.

Alguns exemplos:

Todos podemos tirar um pedaço de pizza da assadeira na mesa, mas há garçons que atenciosamente vendo o cliente se apressam em fazer isso por você. Outros não fazem nada e muitas vezes vem lhe atender até de mau grado.

Em alguns supermercados, o repositor de mercadoria em prateleiras, quando perguntado sobre onde está um produto, interrompe sua tarefa, se levanta e vai consigo até onde o produto está. Outros apenas dizem “está no corredor tal”.

Em farmácias, muitas mantêm uma pessoa que recepciona e dirige você para encontrar o produto que procura. Aliás, há farmácias que possuem assentos para que clientes com dificuldades de locomoção possam esperar sentados sua vez na fila, o que é um diferencial.

Ronda da guarda municipal. Outro dia havia um carro de ronda na Astúrias que seguiu pela Pitangueiras. Ronda, de fato, tem que ser feita lentamente e com isso formou-se uma fila imensa de carros.

Quando terminou a Praia de Pirangueiras e eu entrei na Enseada havia outro carro de ronda, o que é bom, mas este, vendo que carros estavam enfileirados atrás de si, colocava, quando podia, duas rodas na ciclovia, permitindo a passagem dos veículos. Dois comportamentos diferentes, um se importava com as pessoas, o outro já não nem tanto, ou melhor, nada.

Porque estou dizendo isso. Quarta-feira fui na Unimed aqui de Guarujá, em frente ao hospital Don Domênico e o que vi e presenciei foi simplesmente espetacular. Na chegada, um rapaz se apresenta a todos e imediatamente procura orientar cada qual com educação e cordialidade.

Como ando de muleta, e meu atendimento era no andar de cima, foi chamar de pronto a funcionária específica para meu caso, a qual também não só me atendeu com cortesia como solucionou meu problema. Foi prazeroso demais.

Ele, se chama Tarcísio, e ela Roseli. Deixo a ambos meus parabéns e meus agradecimentos.

As pessoas têm que entender que todos vivemos numa comunidade. E esta palavrinha “com” que aparece por aí tem um valor imenso. Comunidade é comum+ unidade, o que significa uma união de pessoas comuns. E o que é a sociedade se não isso, pessoas em comunhão, isto é em comum união.

É o mesmo caso de consciente, “com + ciência” ; comprazer “com + prazer” , consenso – “com + juízo” , e assim vai.

Atender levando sempre em conta que vivemos num lugar onde todos podemos usufruir daquilo que nossa cidade nos oferece é maravilhoso. Mas nossa cidade é apenas um produto, fruto da natureza dada por Deus.

Nós é que fazemos as tarefas de servir esta cidade a cada qual. O médico curando, o professor ensinando, o motorista dirigindo, através da profissão de cada um e, assim fazendo, servimos ao outro e gostamos de ser servidos também.

Esta é uma terra e um povo comum, como +um, isto é, somos um dentro deste espaço chamado Ilha de Santo Amaro e se parodiarmos o que nos disse Jesus, vale lembrar que a vida será bem melhor se servirmos ao próximo como gostaríamos que ele nos servisse.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.