Só Para Pensar De repente 



Lula e FHC (facebook/Lula)

De repente, veio a público, semana passada, uma foto dos ex-Presidentes Lula e Fernando Henrique, abalando o “stablishment” político nacional. Se disto sair uma única ordenação partidária, o tabuleiro eleitoral vai exigir mudanças de jogadores e muita inventiva para a criação de novas jogadas.

Com isso, todo pretenso candidato começou a pensar como fazer seu plano de voo, tendo em vista as eleições de 22. Não só a nível majoritário da presidência, mas proporcional, com vistas às cadeiras do parlamento.

Algumas pretensões caíram por terra, outras ressurgiram das cinzas como fênix, sem contar que partidos ganharam fôlego extra e novas alianças começaram a ser pensadas.As pesquisas mostram que, com um simples aparecimento, Lula assumiu a cena e deixou Bolsonaro de cabeça quente, rodando pelo Nordeste, um tradicional reduto do mesmo Lula.

Tudo muito novo, “de repente, não mais que de repente”, diria Vinicius de Moraes. Aliás, em política, as mudanças são assim mesmo, às vezes demoradas, às vezes de repente.

Os marketeiros começaram a fazer apresentações em seus “Faces”, lembrando a necessidade de se começar cedo a trabalhar para garantir um mínimo de sucesso nas campanhas que virão. Livros de marketing e de campanhas eleitorais ganharam mais espaços nas estantes das poucas redes de livrarias que ainda subsistem e “lives” de estrategistas políticos começaram a aparecer aqui, ali e acolá.

Será realmente cedo, ou não? De fato, estamos na fase da pré-campanha. Aliás, “pré” apenas para candidatos novos, porque quem já está eleito vem fazendo campanha com seu mandato desde o primeiro dia após a sua última eleição. Uma vantagem enorme, uma vez que além de terem palanque eleitoral gratuito nas casas de lei, e com isso serem notícias na imprensa em geral, possuem verbas governamentais polpudas: as fabulosas emendas parlamentares.

Assim, para ser sincero, nunca é cedo demais. A Baixada Santista possui hoje 1,272 milhão de eleitores e tem cinco deputados estaduais e dois federais. Seria possível ter mais? Indubitavelmente sim. O número de eleitores é significativo e por conta disso se poderia obter mais cadeiras tanto a nível estadual como federal. Há cidades com potencial eleitoral significativo que não possuem representante algum. É o caso específico de Guarujá.

Contudo, isto dependeria das lideranças locais. Eleições para Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado não deveriam ser utilizadas para trampolim das eleições municipais, isto é, deveriam ser pensadas em termos de união entre partidos e escolha dos melhores candidatos que o município, ou região, pode apresentar. Seria saudável para todo mundo e para a economia local.

Contudo, muitos se lançam no pleito que se avizinha em 2022 , com vistas a marcar “presença individual” para a eleição de prefeito e /ou vereador e com isso, perde-se a chance de se fazer uma sinergia eficaz para o sucesso do todo, o que inviabiliza cidades de conquistar cadeiras para deputados estadual e federal. Uma pena, pois estes representantes políticos são fundamentais para o desenvolvimento do município.

As prefeituras brasileiras vivem com dificuldades financeiras, todas elas. As que possuem deputados têm pelo menos quem as representem junto aos governos do seu estado e da federação em Brasília. E isto é certeza de mais verbas para benefício dos munícipes por eles representados. Por isso, estas candidaturas de 2022 deveriam ser de consenso entre os políticos locais, de modo a não possibilitar a dispersão dos votos que cada cidade possui.

Não temos, lamentavelmente ainda, o voto distrital por direito, mas poderíamos tê-lo de fato, se houvesse uma vontade consciente dos “players” políticos, no sentido de afunilar as candidaturas para concentração dos votos em postulantes de Guarujá e Vicente de Carvalho, por exemplo. Mas, para isso seria imperativo se levar em conta os interesses da população e não os interesses pessoais antecipados de pretensos candidatos à eleição municipal.

Neste sentido, o momento não é cedo demais. Costuras políticas demandam tempo porque, muitas vezes exigem desprendimento de candidatos, e a política é também uma questão de vontade pessoal, portanto, de foro íntimo, difícil de ser abandonada quanto se “teima” em ser candidato.

De outra parte, é também uma questão de bom senso e paciência. Eleição é fila, e a fila anda. Candidatos que entendem isso, sabem ficar na fila porque quando ela começa a andar, ficam cada vez mais perto da vitória futura. Abrir mão momentaneamente pode ser uma estratégia pessoal inteligente para a vida política individual no futuro. Principalmente porque, os que abrem mão serão sempre credores, a quem o amanhã deverá pagar com a mesma moeda.

Esta ação estratégica de união, passa pela maior expressão política local: o prefeito, cuja liderança em nossa cidade é incontestável. E mais, por estar vivendo um momento de comando municipal, ele sabe pela experiência que o caminho é de união sempre, pois unidos teremos mais força e, se obtivermos sucesso, conquistaremos mais investimentos municipais. Que ao prefeito seja dada, então, a confiança de liderar este processo.

Mas este é um outro assunto, que ficará para uma outra vez.

Sérgio Motti Trombelli é Professor Universitário,
Pós Graduado em Comunicação e Palestrante