Sororidade, o que é isto?

No dia 27 de agosto último, o UOL abre o dia com uma manchete em cujo título aparece uma palavra pouquíssima usada, e posso apostar, pouquíssima conhecida: “Sororidade”.

Era uma matéria sobre a novela Pantanal para mostrar a lealdade entre mulheres sobre os maus tratos masculinos que vêm ocorrendo na trama da novela. Em resumo, sororidade diz respeito a um comportamento de não julgar outras mulheres e, ainda, ouvir com respeito suas reivindicações.

Muitas vezes, o termo sororidade é erroneamente interpretado como se, por obrigação, as mulheres devessem gostar de todas as outras mulheres.

Não é isso. Sinônimo de companheirismo, empatia e união entre as mulheres, a sororidade é um termo que vem se tornando cada vez mais conhecido e isto se deve ao empoderamento feminino, aliás, tardio.

Depois de milhares de anos, a mulher finalmente conquista seu espaço, sua dignidade e agora, através da sororidade, exige respeito a elas por parte de uma fatia machista da sociedade, que, diga-se também, nem sempre é feita pelos homens, afinal muitas mulheres ainda acham que a mulher deve ser submissa ao sexo masculino.

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E quanto aos homens, a palavra pode ser empregada da mesma forma, isto é, podemos falar de sororidade masculina? Não! O conceito de sororidade está ligado ao sexo feminino. Para palavras que simbolizam a união entre os homens, pode-se utilizar tanto fraternidade quanto irmandade.

Sororidade diz respeito à união das mulheres. Envolve um sentimento de irmandade e companheirismo. É um senso de respeito e admiração ativados pela identidade de gênero. O significado de sororidade carrega a ideia de que elas ficam mais fortes quando se unem.

A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. Esse termo pode ser considerado a versão feminina de fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer “irmão”.

No site da Escola Educação, lemos que “Sororidade é a ideia de solidariedade entre mulheres, que se apoiam para conquistar a liberdade e a igualdade que desejam. É respeitar, ouvir e dar voz umas às outras sem julgamentos”. Creio que esta seja a melhor maneira de entender o termo.

E por que que abordamos este assunto? É que foi uma feliz coincidência, pois no dia seguinte, 28 de agosto, domingo, aconteceu o debate entre os presidenciáveis num pool de veículos de comunicação, capitaneados pela Band TV, envolvendo a Folha de São Paulo, o próprio UOL e outros.

E naquele momento, mais uma vez o Presidente Bolsonaro usa de truculência com uma repórter. As demais candidatas, Simone Tebet e Soraya Thronicke se insurgem contra o candidato, que se torna mal educado mais uma vez desta feita com Simone.

Deixando de lado a questão de preferências políticas, e pouco me interessando quem foi melhor ou pior naquele debate, no que quero me fixar é que as mulheres merecem de fato uma maior união contra todos aqueles que por serem homens se julgam superiores e isso se vê nos diferentes ambientes de trabalho, nas escolas, no cotidiano da vida. E agora na política.

A candidata Soraya Thronicke, inclusive abordou as desvantagens que as mulheres têm nas candidaturas para os mais variados mandatos, o que foi uma oportunidade muito grande dada pelo candidato Bolsonaro através de sua conduta naquela oportunidade.

Se o ‘calcanhar de Aquiles’ do presidente, conforme as pesquisas qualitativas, está sendo as mulheres, a maneira truculenta dele no debate foi uma infeliz conduta.

Tenho certeza de que os seus marqueteiros de campanha ficaram de cabelos em pé por conta deste deslize de Bolsonaro, que, aliás, vinha tendo um desempenho muito bom até aquele momento.

Pena para um, sorte para outros…

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante