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Tempos difíceis
O que mais se ouve hoje em dia é as pessoas se queixando, quase desistindo de serem boas, porque ser bom parece não trazer mais nenhum benefício.
Haroldo Dutra Dias
Se dermos uma olhada no nosso país, principalmente no governo federal, o que vemos? Um governo que não faz jus ao direito de gerenciar o país. Brasília virou o mundo não dos espertos, mas dos espertalhões.
Nesta semana, até agora, o que vimos foi isso mesmo. A aprovação dos nomes indicados ao STF e à Procuradoria Geral pelo Presidente da República, teve votos que escandalizaram até a extrema direita.
Isto mostra que o poder no Brasil, acabou sendo de quem tem a caneta na mão. Não há mais ideologia, valores, o que conta são cargos, emendas e acertos.
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A má gestão impera em praticamente todos os setores: polícia com menos verbas e mais violência nas ruas, saúde num verdadeiro caos, bolsa família parando, educação sucateada, e tantas outras coisas mais. Falta o básico, o mínimo cuidado com o controle da coisa pública, do dinheiro público, da moral pública.
Depois, os ecos da corrupção alcançam os setores ainda mais impensáveis. Parece que virou uma cultura nacional. Inúmeras pessoas acham que podem pegar o que é dos outros – basta o cidadão, cidadã, ter mando na coisa pública que há desvio para benefício próprio.
Já tivemos quem desfalcou diretório acadêmico da faculdade, ou ficou com a “grana” da formatura dos alunos, e até, o mais bizarro, campa de cemitério vai para quem dá uma “molhada de mão” do responsável que distribui as vagas.
E os malandros e ladrões estão sendo punidos com rigor? Não!!!
A televisão mostrou há poucos dias os arrastões que são feitos no Rio de Janeiro, lá no cartão postal tupiniquim, Copacabana, a Princesinha do Mar. Os meliantes foram presos e logo após soltos, porque não havia mais vaga, nas detenções. Valha-me Deus, para isso não tem verba, mas para emendas parlamentares …
Neste quadro geral o cidadão de bem se imagina numa situação semelhante e passa a pensar onde pode levar vantagens indevidas, já que é norma, é meta. “Se eu tiver uma chance”… – ouvi isso na fila do caixa no Banco recentemente. Eram dois jovens dialogando a respeito. O que esperar do amanhã?
Rui Barbosa, um ícone de inteligência e honradez de nosso país, faleceu em março de 1923, e que significa dizer que ainda em vida, certa vez disse:
De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
Como se pode anotar, a doença nacional da malandragem é antiga …
Assim , o ser humano, principalmente o ser humano de fé, fica desesperado, pois ele sabe que, se aqueles que acreditam num ente maior não derem o exemplo, se deixarem de crer e deixarem de cumprir com os valores sociais, a sociedade civil desmorona.
Mas aqueles que possuem uma fé interior sabem que tudo é sintonia no Universo. Tudo se encadeia na vida, segundo as origens dos nossos sentimentos, ideias, palavras e ações. É o Plano de Deus acontecendo através de nós na busca de maior progresso material (que tem havido) e maior progresso moral (que tem faltado).
Desculpe, leitor amigo, o desabafo, mas é sincero. Por isso, devemos preferir sempre ficar com uma frase de Chico Xavier: “Aceito o mundo e os homens como eles são e continuo eu mesmo. Quem aprendeu no berço e não esqueceu, ainda serve de pilar numa sociedade, cujos líderes de importância deixam de lado os valores da brasilidade.”
Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário de palestrante cristão
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