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Um pequeno ponto azul no espaço
Há algum tempo um destes telescópios que mandamos ao espaço, fotografou a Terra, nos mostrando que somos apenas um pequeno, ponto azul no infinito.
No fundo, ocupamos nosso lugar no espaço cósmico com a dignidade, a história e a permissão do criador que nos cabe.
Nesta semana, se pudéssemos ter um amplificador monumental de som o espaço teria nos ouvido naquilo que nos faz tão grandes quanto pequenos, e sobretudo muito contraditórios.
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De um lado, o carnaval que nosso país proporciona a cada ano para todo nosso planeta. Provavelmente a maior festa popular do mundo pela sua grandiosidade, beleza, criatividade e alegria.
A voz, então, dos brasileiros, ecoaria pelo infinito num ritmo frenético, onde corpos suados, belos e quase nus cantaram de alegria, extravasaram suas emoções, compensaram em quatro dias, ou mais, as tristezas reprimidas dos seres humanos.
Nestes dias, o sofrimento deu lugar ao prazer de viver, mostrando que, embora se diga que a “felicidade não é deste mundo”, nestas repetidas 24 horas por quatro vezes, as pessoas podem estar felizes.
Contrastando com todo este, esplendor, de outra parte, poderíamos ouvir em todo o universo o grito de dor que ecoa nos cantões onde o seres humanos sofrem as atrocidades de guerras e as dores insanas daqueles que menos podem, e gritam um canto ritmado, não por tambores, mas pelo barulho de bombas e canhões.
Enquanto se bebe em frenesi e se come à farta na alegria, outros, como na Palestina – a TV nos mostrou isso – se alimentam de grama e bebem água barrenta. E não só os adultos, mas, lamentavelmente, crianças que há tempos não sabem cantar músicas carnavalescas, ou sequer conseguem cantar alguma canção que expresse a alegria de viver.
No primeiro filme “O planeta dos macacos”, que passou há longa data, no final, quando o macaco idoso e sábio liberta Charlton Heston, premiado ator e ativista político norte-americano, do cativeiro e o deixa partir para descobrir que ele, astronauta, havia caído na Terra depois de anos no espaço, sábio macaco na despedida disse “o Ser humano é tão inteligente quanto, imbecil”.
De fato, sabemos criar as maravilhas da ciência e da arte, criar a melhoria da tecnologia na lavoura na física, química, biologia, e somos imbecis a ponto de usar desta inteligência para destruir o que criamos, pela própria inteligência, dada pelo Criador.
Somos imbecis crônicos.
Então, aquele ponto azul, pequenino no espaço, é realmente um ponto estridente, capaz de produzir muitas vozes que cantam e choram ao mesmo tempo, mostrando que nossa caminhada rumo a um tempo em que todos possam cantar uma mesma canção de paz e progresso está muito longe.
A inteligência que usamos para tanta evolução deveria ser utilizada para pôr fim a imbecilidade. Só ser imbecil nos domina com tamanha força que de tanto nos submeter, a cada dia, ficamos menos inteligentes e mais ignorantes.
Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão
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