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Um Só Coração: Seja Vida na Vida de Alguém!

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O transplante de rim do apresentador Fausto Silva, em fevereiro, trouxe à pauta uma discussão ainda tabu em muitas famílias. Falar de doação, para muitos, é falar de morte, e por isso não é uma conversa fácil. Mas o juízo, com um pouco de informação, pode mudar de concepção e o entendimento. Falar de doação é muito mais falar sobre vida!

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Na maioria das vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação. O gesto de familiares de um mesmo doador pode beneficiar várias pessoas e, todos os anos, milhares de vidas são salvas.

No início deste mês de abril, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou a campanha “Um Só Coração: Seja Vida na Vida de Alguém.” A iniciativa também marca a regulamentação do sistema de Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO).

Durante a sessão plenária, na qual a campanha foi nacionalmente lançada, o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, explicou que os brasileiros que desejarem doador órgãos já podem manifestar e formalizar a sua vontade por meio de um documento oficial, feito digitalmente, em qualquer um dos 8.344 cartórios de notas do Brasil.

Segundo Barroso, a ação pretende fomentar as doações. “Em 2023, a cada mil pessoas que faleceram no país, das quais 14,5% poderiam ser potenciais doadores, apenas 2,6% efetivaram a doação”, destacou. Segundo o ministro, a campanha visa estimular e contribuir para “transformar o luto dos que morreram na alegria dos que podem se beneficiar desses órgãos”.

Mas, além de registrar a sua vontade você precisa conversar com a sua família e explicar a sua vontade. Deixar claro o que quer que seja feito após a sua partida. Afinal, os números baixos nos casos de doação ainda são tabus familiares, para aqueles que não entendem sobre o processo em si. Invista no diálogo familiar, e leve também a discussão para amigos.

O Conselho Federal de Medicina (CFM), os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), além de entidades sindicais de profissionais da saúde, hospitais públicos e privados e santas casas, entre outros, também apoiam a iniciativa. E todos eles propõem que a discussão faça parte das conversas, com a mudança de paradigmas.

MITOS SOBRE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Fui buscar junto ao CFM alguns mitos e verdades para você ter argumentos na hora de levar a pauta para a família. Uma boa leitura para uma esclarecedora conversa!

— A doação deixa o corpo deformado? MITO! Os órgãos e tecidos doados são removidos cirurgicamente, portanto, a doação não desfigura o corpo. A retirada das córneas também não deforma a aparência, visto que é colocado implante local que simula o globo ocular.

— Após a doação de órgãos o corpo precisa ser sepultado em caixão lacrado?
MITO! O corpo pode ser velado ou cremado normalmente e não precisa de nenhum preparo especial, a não ser que seja levado a lugares mais distantes, como outras cidades, estados ou países.

— A família do doador precisa arcar com os custos relacionados à doação? MITO! O doador ou sua família não têm custos e nem ganho financeiro com a doação de órgãos ou tecidos.

— A grande maioria das religiões é favorável à doação? VERDADE! Todas as religiões pregam os princípios de solidariedade e amor ao próximo, que são as principais características do ato de doar. Até mesmo as religiões que são contrárias à transfusão de sangue não interferem na decisão de doação de órgãos.

— A doação de órgãos beneficia muitas pessoas? VERDADE! Um único doador de órgãos e tecidos pode beneficiar pelo menos oito pessoas que aguardam por um transplante de órgão ou tecido.

— Idosos ou pessoas que já tenham tido alguma doença não podem ser doadores? MITO! Todas as pessoas podem ser consideradas potenciais doadores. Uma avaliação, com base em exames clínicos, de imagem e laboratoriais, é feita no paciente falecido para determinar a possibilidade de transplante, e quais órgãos e tecidos podem ser doados.

— Quem recebe um órgão de uma pessoa passa a se comportar como o falecido? MITO! O órgão não traz consigo nenhuma característica estética ou emocional do doador. A pessoa que recebe um órgão terá apenas a melhoria da sua qualidade de vida.

COMO FUNCIONA O SISTEMA AEDO?

Para realizar a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos, o interessado preenche um formulário diretamente no site www.aedo.org.br, que é recepcionado pelo cartório de notas selecionado. Em seguida, o tabelião agenda uma videoconferência para identificar o interessado e coletar a sua manifestação de vontade.

Por fim, o solicitante e o notário assinam digitalmente a AEDO, que fica disponível para consulta pelos responsáveis do Sistema Nacional de Transplantes. A plataforma pode ser acessada 24 horas por dia, nos sete dias da semana, de qualquer dispositivo com acesso à internet.

No documento eletrônico, a pessoa pode autorizar quais órgãos deseja doar: coração, pulmão, rins, intestino, fígado, pâncreas, medula, pele e músculo esquelético.

Vale lembrar que, segundo a regra atual, em caso de morte encefálica, a família precisa autorizar a doação – e isso continua valendo. Mas agora, com a regulamentação do Sistema AEDO, a manifestação de vontade já fica registrada nessa base de dados, para ser apresentada aos familiares no momento do óbito, e facilitar o processo. E a sua vontade tem que ser respeitada. Eu já sou uma doadora de órgãos!

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