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Uso indevido
Na verdade, por que há uma greve? Ela ocorre quando as partes envolvidas em uma contenda não chegam a um acordo. Desta forma, quem se julga prejudicado (geralmente os mais fracos) pouco tem a fazer a não ser entrar em greve.
Como se vê, a greve, então, é um recurso de luta, descontentamento, reivindicação e, acima de tudo, um instrumento através do qual toda uma categoria de trabalhadores tenta mostrar aos demais membros da sociedade que a categoria em questão está sendo injustiçada.
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A atual greve ocorrida em São Paulo, no último dia 28 paralisou a maioria das mais importantes linhas do Metrô e da CPTM. E qual o motivo? Os funcionários destas empresas estão descontentes com seus salários, são injustos? As condições de trabalho são péssimas? As tarifas estão em dissonância com o devido valor? Enfim, o que ocorre com os funcionários do Metrô e da CPTM?
A resposta é uma só: NADA! Ora, por que, então?
Simplesmente porque a greve se tornou um instrumento político e assim cabe a pergunta: é um uso indevido no momento? Sim!
Os transportes entraram em greve porque a Sabesp está para ser privatizada. Mas, não seria o caso de somente os funcionários da Sabesp entrarem em greve e não o transporte público? Não há dúvida, mas por que não foi assim?
Porque não teria muito significado, não traria confusão, não haveria “sofrimento” da população que nada tem a ver com isso, e muito menos as próprias empresas Metrô e CPTM.
O motivo é a eleição do ano que vem e a tática da “esquerda burra”, “démodé”, desgastada, e pouco criativa volta a ser aquela de antes, mas de muito antes.
É uma questão de utilização indevida da política. E a prova está justamente no silêncio do “lustroso” deputado Boulos (PSOL) , o “herdeiro” da antiga esquerda aqui em São Paulo e, quem sabe, do Brasil – seria seu sonho…
Já pensou se ele fala contra a greve? Seria execrado. Até a Deputada Tábata, personagem político muito mais moderno se manifestou contrária. E olha, ela é do PSB, só que mais inteligente e humana.
A população de São Paulo não é idiota ao ponto de não perceber que o uso é indevido, justamente porque os tempos são outros, mesmo para a esquerda petista que hoje é a “cara” do governo federal, numa cidade que tem outra “cara”.
Só que esta cidade tem o mesmo sofrimento de sempre, pois é a mola propulsora da nação, onde está uma imensa massa trabalhadora que precisa lutar pelo pão de cada dia e nada tem a ver com as questiúnculas da Sabesp.
O pronunciamento do governador foi claro, a “Sabesp será privatizada”. Ponto e passa-se a régua. Então, não seria mais justo iniciar negociações para manutenção dos empregos e benefícios do que a luta das ruas?
Ademais, todo um projeto de privatização será posto em prática pelo governo de São Paulo, o que está certo, vou repetir, está certo! Sabesp privatizada significa tarifa mais baixa, água mais pura, melhores condições de trabalho, em São Paulo e em várias cidades do interior.
E mais, no bojo da privatização está a questão do Rio Tietê, para o qual inúmeras vezes milhões foram gastos pela Sabesp, mas a poluição continuou a mesma. Uma vergonha frente a um mundo que transforma os rios das grandes cidades em cartões postais, onde se navega, e o mais importante, não fede!
Vivemos novos tempos. Não há como negar que a iniciativa privada é mais ágil, mais moderna, menos politizada e produz resultados mais eficientes. Mas para os políticos, nada melhor do que empresas públicas onde cargos vazam pelo ladrão e dá para entupir de apaniguados.
Este momento histórico tem que ser, primeiro entendido, depois respeitado, afinal, chega das velhas fórmulas de administrar o bem comum, através das quais só se tem politicagem e nada de concreto.
Greves justas devem ser respeitadas, mas greves políticas são como o “parto da montanha”, muito barulho para um torrãozinho de terra.
Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.
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