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Volta por cima: conheça a história de Beth Gomes, medalhista do Time SP nas Paralimpíadas de Paris

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Atleta do time São Paulo Paralímpico também quebrou o recorde mundial de uma das categorias do arremesso de peso na segunda-feira (2)

Da Redação

A paratleta Beth Gomes, santista que integra o Time SP de atletas que competem os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, conquistou na última segunda-feira (02) a medalha de ouro no arremesso de peso da classe F53, para atletas cadeirantes, e faturou a segunda medalha daquele dia.

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A conquista ainda rendeu a Beth o recorde paralímpico, com um arremesso de 17,37 m de distância. Pela manhã, ela já havia conquistado a medalha de prata das classes F53/F54, quando também bateu o recorde mundial da classe F53.

Uma das porta-bandeiras da delegação brasileira na França, Beth Gomes chegou à competição como esperança de medalha. Nas Paralimpíadas de Tóquio, em 2021, ela conquistou seu primeiro ouro aos 56 anos, onde também estabeleceu o recorde da competição à época.

Volta por cima

A carreira vitoriosa da paratleta não esconde uma trajetória de superação e força de vontade. Quando decidiu se dedicar ao atletismo, Beth Gomes lidava há três anos com a esclerose múltipla que a tirou das quadras de vôlei e levou seu sonho de ser campeã olímpica na modalidade. “Não podia fazer mais nada. O vôlei era minha paixão”, relata.

A doença, no entanto, acabou colocando-a de novo no caminho do esporte e da conquista de medalhas e de recordes. Quando foi tirar a carteirinha de deficiente para andar de ônibus, foi convidada a jogar basquete em cadeira de rodas. “Ainda estava revoltada por não poder jogar vôlei, tive uma certa resistência, mas o convite ficou na minha cabeça”, conta.

Antes de entrar no ginásio para começar a treinar, Beth se lembrou que havia sido ali a sua última partida de vôlei. Parou na porta, hesitou, mas decidiu entrar. Foi recebida com aplausos. “Todos os atletas vieram me receber, me disseram: ‘cai pra quadra’. Acertei o primeiro arremesso. Aí minha vida começou de novo, a minha depressão foi embora, comecei a treinar e peguei gosto”.

Beth disputou campeonatos e conseguiu entrar na Seleção Brasileira de Basquete sobre Rodas. Anos depois acrescentou o atletismo à sua rotina de treinos e competições. Conseguiu ficar nas duas modalidades entre 2006 e 2010. Em 2008, ela defendeu a seleção brasileira no basquete nos Jogos Paralímpicos de Pequim, na China.

Mas, em 2010, foi obrigada a escolher em qual das duas seleções brasileiras iria competir. Em 2011, entrou para a seleção brasileira de atletismo e disputou os Jogos Parapan-Americanos, no México, nas modalidades de arremesso de peso, disco e dardo.

A paratleta, conhecida por quebrar seus próprios recordes, pretende ficar no atletismo até os 70 anos. “Quando não der mais a gente vai para a bocha. Até onde eu aguentar eu vou ser atleta”, declara.

Beth sabe que tem que conviver com a esclerose múltipla, mas para ela a doença serve como impulso e não obstáculo. A paratleta toma medicamentos e faz exames periódicos, mantendo seu quadro clínico sob controle. “A esclerose múltipla é minha amiga, ela caminha ao meu lado, mas eu vou sempre vencê-la”, afirma.

“Graças à esclerose múltipla eu consegui sonhar e estar nas Olimpíadas. Me deu a chance de progredir e disputar todos esses campeonatos, o que não foi possível com o vôlei. Graças àquela carteirinha de ônibus abri os olhos para o basquete e o meu caminho para todas essas conquistas, incluindo incentivos do Time São Paulo”, diz.

Aos 59 anos, Beth é a paratleta mais velha em atividade na Seleção Brasileira e nos campeonatos que disputa mundo afora é chamada de “mãezona”. “Muitos atletas me pedem conselho, tem muita troca de experiências. É uma satisfação agregar e falar que tudo é possível, que é só querer e se dedicar”.

Antes de Paris, a atleta já havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos em 2019 em Lima, no Peru, e nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no Japão, em 2021. Em julho deste ano, Beth levou dois ouros batendo recordes mundiais nos arremessos de peso e disco no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico, também realizado em Paris.

Para quem quer se tornar um paratleta e chegar à Seleção Brasileira, Beth recomenda ter muita disciplina, dedicação e resiliência. “Tem que abdicar de muitas coisas para ter o que se almeja, além de respeitar o treinador e os outros atletas. É difícil, é custo, não tem verba no começo para viajar e competir, então tem que ir na raça, mas se não desistir e focar, a vez de cada um chega”, diz.

Além de se dedicar aos treinos e competições, Beth é palestrante, participando de eventos em que fala sobre sua trajetória de superação, além de fundadora e vice-presidente da Associação de Esclerose Múltipla da Baixada Santista.

A atleta ainda tem o sonho de fundar o Instituto Beth Gomes em Santos, focado em dar apoio e realizar treinamentos e atividades para pessoas com deficiência e idosos, além de tirar crianças da rua. (Fonte: Agência SP)

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