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novembro

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Calar teria sido melhor

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G1/Reprodução

Chico Xavier tem uma frase antológica:

“Você não pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas você pode começar agora e fazer um novo fim.”

De fato, a ideia de recomeçar, principalmente quando se sabe que errou, é um dos princípios mais espetaculares que o ser humano pode adotar como conduta de vida.

Nem sempre acertamos, afinal somos falíveis. Mas ao aprendermos com nossos erros e buscarmos um final melhor, damos demonstração de humildade e, sobretudo, inteligência. Foi o que eu ouvi na coletiva do Ministro Queiroga, no último dia 8, quando apresentou o projeto de vacinação para 2022.

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“O Governo prevê 354 milhões de vacinas para 2022, com uma dose para público entre 18 e 60 anos.” E não descartou a possibilidade de aplicar doses em idades menores, o que todos os epidemiologistas defendem.

Concordo com a maioria das pessoas de que a ação veio com atraso e por conta disto chegamos aos 600 mil mortos pela Covid-19. Finalmente, para a vacinação, o governo federal reservou R$ 3,9 bilhões no orçamento de 2022 para a compra de vacinas contra a Covid-19.

Embora a quantia seja menor do que a 2021, porque a imunização já se adiantou no país, é bem maior do que a de 2020 , quando o governo federal ainda adotava a postura negacionista, onde foram gastos R$ 2,22 bilhões para esta finalidade.

Talvez isso não isente o ministro das questões de distanciamento social e, sobretudo, do uso de máscaras, mas estas são outras questões. Quem sabe, sua Excelência Queiroga tenha lido a frase de Chico Xavier, o que seria muito bom, pois daria para recomeçar em muitas coisas.
Infelizmente, de outra parte, a ministra Damaris não fez a leitura do mesmo texto.

Aliás, ela estava sumida, e graças a isso, não ouvíamos falas estranhas há tempos, mas bastou abrir a boca e o resultado foi este, conforme o Portal G1 , em se referindo ao veto presidencial sobre os gastos com absorventes.

“Hoje a gente tem que decidir, a prioridade é a vacina ou é o absorvente? As mulheres pobres sempre menstruaram nesse Brasil e a gente não viu nenhum governo se preocupar com isso. E agora o Bolsonaro é o carrasco, porque ele não vai distribuir esse ano”.

Se somarmos esta opinião desastrosa ao que seria gasto, já que o projeto que saiu do Senado estimou um custo de 84,5 milhões de reais por ano, levando em conta oito absorventes ao mês/mulher (G1), dá para ver que a comparação é totalmente esdrúxula.

Até a elaboração deste artigo, temos notícias de que o veto está para ser derrubado no congresso, e o presidente retalha dizendo que irá tirar gastos da saúde e educação. Coisas do embate político.

Minha posição é que a ministra Damaris, como mulher, melhor ainda, como ser humano e cristã, falar assim de outras mulheres pobres, atirando-as a uma situação penosa, lembrando que no passado nada foi feito, e por isso nada deveria ser feito agora, ela demonstra sua incapacidade para sentir a dor alheia, o que é um gesto menor, diminuto, para um ente público de tamanha importância.

A comparação dos valores de ambas as questões – vacina versus absorventes – é ridícula e mesmo se não fosse, seria agora o tempo de promover justiça com tantas e tantas mulheres, além de adolescentes e jovens que precisam deste auxílio, ainda mais num tempo de pandemia quando a pobreza se acentuou substancialmente.
Para uma ministra de estado, uma fala destas é um atestado de como o governo enxerga a dor do nosso povo.

Assim, por que motivo, pessoas como ela deveriam continuar a exercer um cargo cuja denominação é: Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Mulher? Família? Direitos Humanos?

Cadê?

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário,
Pós-Graduado em comunicação e palestrante

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